Elaine de Paula uniu o local ao global em estudo de objetos antigos
Articular o cotidiano e a história de vida dos alunos à história local e à nacional é uma das diretrizes do ensino da disciplina. Mas como fazer isso sem ser especialista? A experiência da professora Elaine de Paula, formada em Pedagogia, ajuda a responder a essa pergunta. Desenvolvido com turmas de 3° ano na EM Agnes Pereira Machado, em Catas Altas, a 142 quilômetros de Belo Horizonte, o projeto envolveu um estudo sobre antigos utensílios domésticos e de trabalho, que permaneciam guardados na casa dos habitantes da cidade e que ainda fazem parte do modo de vida deles. "A turma analisou a utilização de cada objeto no contexto em que viviam seus antepassados e na atualidade", diz Elaine.
Essa estratégia revela uma concepção de ensino de História, abordada com base na história de todas as pessoas, e não de uma entidade abstrata (a cidade, o Estado ou a nação, por exemplo). "Todo vestígio deixado pela humanidade, inclusive o das pessoas consideradas comuns, pode se tornar uma fonte importante de estudo", explica José Evangelista Fagundes, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Essa prática permite à meninada construir sua identidade e resgatar a herança cultural de sua cidade. "Também estimula o aluno a interferir nos rumos da sociedade em que vive", diz Leila Medeiros de Menezes, docente da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
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Essas orientações metodológicas, presentes no projeto de Elaine, valem para educadores de todo o Brasil. Para fazer um bom trabalho em história local, o importante é ter em mente que há muitos recortes possíveis. "Eles devem ser pensados em função das necessidades e perguntas dos próprios estudantes", explica Fagundes. Isso significa que é possível estudar determinado conteúdo com base na ótica de um dos grupos envolvidos. Outra questão diz respeito à seleção dos temas clássicos. Em todos os casos, é preciso relacionar o que ocorria no país no período estudado aos reflexos na região em que vive a turma. É por meio da localidade que os aprendizados ganham sentido no dia a dia do aluno e ele passa a fazer relações e entender conceitos. Vale lembrar que alguns assuntos são mais adequados para determinadas regiões, como as migrações no Sul e no Sudeste e a cana-de-açúcar no Nordeste. A interiorização do país no século 18 e a agropecuária podem ser estudadas no Centro-Oeste. Já o ciclo da borracha é uma boa opção de pesquisa no Norte do país.
O passo a passo do projeto
Conheça as etapas do trabalho da professora Elaine Rodrigues de PaulaO passo a passo do projeto
- Investigação Ela citou objetos do passado que ainda eram usados e pediu que a turma os levasse para a classe.
- Produção de textos Os alunos estudaram a história dos instrumentos com base em artigos selecionados e produziram textos e desenhos.
- Entrevistas A professora propôs que fizessem entrevistas para saber mais sobre os objetos estudados e seu contexto histórico.
- Trabalho de campo A criançada conheceu o acervo do Museu do Caraça e aprofundou seus conhecimentos sobre os objetos analisados.
- Produto final As produções foram reunidas em um livro e houve uma apresentação oral.
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